sábado, 25 de abril de 2009
Memorial
Reminiscências... Minha vivência com educadores vem de anos. Gerações que, de certa forma, ajudaram a construir minha história como educadora. Minha mãe, hoje aposentada, sempre atuou em direção e supervisão de escolas e isso era motivo de deboche e, sem dúvida, incomodava muito. Por conta disso, sempre fui prejudicada e posta de lado nas turmas em que estudei. Fiz todo o ensino fundamental em escola pública. Somente o último ano do Ensino Médio concluí em escola particular, já que minha mãe mudou-se de cidade para trabalhar. Foi neste ano que conheci minha professora de Língua Portuguesa e daí partiu o incentivo para que cursasse a faculdade de Letras. Isso veio a se concretizar, com o vestibular, quando eu já havia completado 17 anos. Então, iniciei minha graduação. Foi um início difícil, pois sair de uma cidade pequena e ter que “se virar” em uma cidade grande não foi tarefa fácil. Acredito que faltava maturidade para me desenvolver com mais profundidade na escolha que havia feito. De qualquer forma, continuei estudando e aproveitando todas as propostas de estudo e pesquisa que surgiam. Já no 2º semestre, lutei para conseguir uma bolsa de estudos que, além de me aperfeiçoar, serviria também para ajudar nas despesas. Não vou esquecer da primeira vez que recebi remuneração por estar estudando. Que vitória! Era tudo para mim. E assim o tempo foi passando e surgiram outras oportunidades de estudo. Cheguei até a conseguir o meu sonho: trabalhar e receber uma bolsa do CNPq. Bom, aí foi o auge de minha graduação. Tudo o que eu queria se concretizou. Mas, foi no final da graduação que parti para a minha área de atuação – a prática da sala de aula. Lecionei em várias escolas, no entanto a primeira foi a que marcou o início da minha carreira. No primeiro dia, os alunos da 5ª série estavam sobre as carteiras, gritando, sem limites. Já havia algum tempo que estavam sem professor e a maioria dos alunos tinha idade superior à normalidade da série. Com certeza, foi uma situação inesperada e, se fosse hoje, talvez eu soubesse como agir e fazer tudo diferente, mas na época foi difícil de superar. Depois disso, trabalhei em outras escolas da rede estadual e municipal. Até que, em 2001, fiz o Concurso Público para o Ensino Estadual, através do qual me efetivei na cidade onde resido (São Ludgero). Optei por escolher apenas 20 horas de serviço, pois neste mesmo tempo soube de minha aprovação no meu curso de Pós-Graduação. Tive que dividir meu tempo, viajar duas vezes por semana para estudar e o restante do tempo lecionar. Depois de dois anos aliando estudo ao trabalho, consegui defender trabalho de conclusão de curso. Aí, posso dizer que consegui respirar aliviada... E a turbulência passou. Ampliei minha carga horária para 40 horas semanais. Resolvi continuar com meus alunos de 5ª série. Já faz 8 anos que trabalho nessa escola e nela fiz amigos. Além disso, acredito que também fiz a diferença. Às vezes, não vamos mais longe por conta dos padrões que nos emolduram e se desvencilhar do que já está determinado não é tarefa fácil. Com novas experiências, vejo o quanto ainda posso transformar. Só não basta pensar diferente, é preciso realizar o que acreditamos.
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